sexta-feira, 25 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Contrário, avesso e arbitrário




Nestes últimos dias, um acontecimento desagradável e de fato revoltante, segundo o meu ponto de vista, se deu.
Toda a população da cidade (Volta Redonda) já notou o carinha que fica na passarela que liga o Aterrado à Amaral Peixoto segurando uma placa escrito “Jesus te Ama”. Bem, este individuo, até a citada ocasião, era apreciado e admirado por mim por ter um gesto tão bonito. Até que, em uma manhã de sábado, eu acompanhada de uma amiga que estava vestida com uma blusa de Nossa Senhora das Graças passávamos pela passarela e o rapaz ao ver a imagem na blusa começou a apontar para nós e dizer que tínhamos que abandonar o mundo do pecado, hábitos e crenças que eram do demônio,  que iríamos para o inferno e etc. Isso mesmo! Ele disse estas coisas.

Hoje, no trajeto do jornal para a faculdade, passei novamente por ele na passarela. Ele estava contido e silencioso quando o vi à distancia, foi eu me aproximar e ele me ver para começar seu discurso. Ele GRITOU e APONTOU pra mim dizendo: “Você tem que sair da vida de pecado! De abraçar práticas e costumes do demônio! De andar como uma prostituta!...”
Sim! Ele GRITOU isso se voltando pra mim!

Agora eu vos pergunto meus caros leitores e amigos, QUEM É UM SIMPLES E MORTAL SER HUMANO PARA ME JULGAR DESTA FORMA SEM AO MENOS ME CONHECER?
Mesmo que eu me comportasse e andasse como uma prostituta, mesmo que eu fosse uma, nem este individuo, nem ser humano algum deste mundo poderia me julgar por isto. Mesmo que eu estivesse trajada com uma roupa vista como indecente ou vulgar pela maioria das pessoas (o que não é o caso), ainda assim ninguem poderia me julgar. Ninguem é imaculado, correto, perfeito, superior o suficiente para ter direito de menosprezar, julgar ou ofender outra pessoa, por pior que ela seja ou aparente ser.

Vale lembrar que o próprio Jesus em sua magnitude e perfeição absolveu Maria Madalena, prostituta da época. Jesus a perdoou, a livrou de ser apedrejada. Cabe inclusive citar a famosa frase que Ele utilizou para tal: “Atire a primeira pedra quem nunca pecou”.
Se o próprio Filho de Deus não condenou uma prostituta, quem é um simples e pobre ser humano para condenar qualquer ato ou pessoa que seja?
Eu que obviamente como não suporto desrespeito, preconceito e intolerância me vi no direito de defender meu ponto de vista, livre arbítrio e liberdade de acreditar, ser e professar a fé que me convém, por isso resolvi utilizar este espaço para este fim.

Não cabe aqui discutir religião, questões teológicas, fé ou crenças. A questão que levanto com este post é a arbitrariedade, contradição e especialmente FALTA DE RESPEITO (que pra mim é essencial em toda e qualquer situação).

O Amor passa pelo respeito, quem diz que ama à Deus deve amar também seu semelhante INDEPENDENTE de Crença, habito... (e isto é base de qualquer religião), e se ama seu semelhante o respeita consequentemente. E este é um dos maiores desafios do amor, amar e se doar ao outro conhecendo seus piores monstros, suas maiores mazelas e defeitos, e mesmo discordando muitas vezes de atitudes ou pensamentos. Assim como na fé, um dos maiores desafios muitas vezes é Amar o próximo. Pois muitas vezes o próximo é aquele que um dia te fez mal, que te caluniou, que pisou em você, que te odeia, que te traiu, que tem atitudes adversas às que você acredita e defende...mas é essa a pessoa que mais precisa do seu amor. Mas quando o Amor é de fato Amor ele supera tudo, ama mesmo sendo imperfeito, mesmo discordando, mesmo sabendo das imperfeições, mesmo conhecendo a pior faceta.

Agora como pode alguém ser autor de uma atitude tão bonita de querer levar o amor de Deus às outras pessoas e ao mesmo tempo não respeitar seu próximo, não aceita-lo, JULGÁ-LO?!

Todos somos livres para acreditarmos e agirmos da maneira que quisermos, que acharmos conveniente, ninguém é onipotente ou superior o suficiente para julgar uns aos outros. Se Deus que é Deus instituiu o livre-arbítrio por que um simples ser humano se julga digno de interferir nele e oprimir as escolhas alheias?! Será que ele é tão superior a ponto de sempre fazer as melhores e mais perfeitas escolhas?!

Tenho muitos amigos evangélicos, protestantes, espíritas, agnósticos... e o que mantém nosso relacionamento é o RESPEITO, o Amor. Temos em comum o Deus em que acreditamos e o fato de seguirmos diferentes denominações, crermos em diferentes religiões, procedermos de maneiras distintas frente algumas situações, não significa que temos que ser inimigos, que não possamos conviver, ou ainda que sejamos superiores uns aos outros.

Jesus amou até o pior dos pecadores, quem somos nós pra julgarmos erros, acertos ou escolhas alheias?
A humanidade jamais pensará em conformidade absoluta, e até as divergências de pensamento, as distinções de ponto de vista são belas. As diferenças enriquecem o mundo.
Tenho e amo minha religião, nada que digam ou façam mudará isto, não espero que pensem como eu, nem é minha pretensão convencer alguém de que minha escolha é a correta, mas Respeito é Fundamental, indispensável e eu não abro mão.

Como disse, não cabe entrar em questões teológicas, tenho minhas convicções, minha fé, e não preciso convencer ninguém a acreditar nelas para que eu acredite, mas vale a pena refletir sobre a postura que temos diante de nossas crenças até porque, ao invés de ela ser afirmativa e congruente pode acabar sendo contraditória.

Não é julgando, ofendendo, fazendo juízos de valor a respeito de alguém que sequer se sabe o nome que se conseguirá transparecer Jesus e levar o amor de Deus a quem quer que seja. Ao contrário, todo amor que é amor de fato é involuntário, independente de raça, escolha, credo, sexualidade, opção sexual, condição monetária... Simplesmente existe, rende furtos, inspira transformações, age desinteressadamente pelo simples prazer de ser útil, de ver o bem, de fazer algo bom. Simplesmente Ama.



“Que cada um cuide do que vê. Que cada um cuide do que diz. A razão é simples: o Reino de Deus pode começar ou terminar, na palavra que escolhemos dizer. É simples...” (Padre Fabio de Melo)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Nascer, crescer, reproduzir e morrer?





Há muito tempo me perguntei por qual motivo eu vivia, a que se deveria o fato da minha existência. Na escola quando cursava o primário alguém me ensinou que o ser humano Nasce, Cresce, Reproduz e Morre. A primeira vez que ouvi isso questionei: “É só?!”

Na minha limitada sabedoria de criança encontrei uma das minhas primeiras dificuldades: aceitar esta teoria.
Por muitos anos tentei descobrir porque eu e não outra pessoa, porque eu tinha vindo ao mundo, e apesar de não saber a resposta tinha certeza de que não poderia apenas nascer, crescer, reproduzir e morrer. Tinha que haver algo mais, porque tudo era simples demais, limitado demais...

Cresci um pouco e enxerguei um mundo além do cor de rosa, além dos contos de fada, das brincadeiras, dos desenhos animados e da simplicidade daquela teoria.
O mundo que já havia antes mostrado parte de sua faceta desde que eu tamanho suficiente pra passar correndo debaixo da mesa da cozinha da casa da minha avó, se mostrou ainda mais apavorante em determinado momento.

Pessoas capazes de matar umas as outras, capazes de fazer mal a seus semelhantes... Um mundo onde a “verdade é o avesso e alegria já não tem mais endereço”, como diz uma das letras que eu adorava ouvir nas tardes cinzas da minha adolescência.
Um mundo onde o dinheiro dita todas as regras e é o que mais importa, onde quem detém o poder e deveria proteger  e zelar pelo povo é quem mais o oprime, escraviza, explora e massacra.

Um mundo cheio de preconceitos onde o negro só pode ser pobre, favelado, ladrão, bandido ou mendigo. Onde todo morador de comunidade é traficante ou vagabundo. Onde todo homossexual é viado, lésbica é sapatão.
Um mundo cheio de avessos, contrastes e contradições. Enquanto uns passam fome, outros jogam comida no lixo. Enquanto uns moram em barracos ou sob pontes, outros desfrutam de mansões. Enquanto uns sobrevivem com um salário mínimo conquistado com no mínimo 8 horas de trabalho, outros instituem seu próprio salário por mínimas horas de expediente (quando há), e desfrutam de mais de R$ 22 mil com benefícios.

Quando as portas deste mundo se abriram pra mim tive a certeza de que não poderia ser uma vitima do acaso e simplesmente nascer, crescer, reproduzir e morrer.
Por uns tempos acreditei que eu poderia ser uma Mulher Maravilha e ter poder de mudar mundo e carregá-lo nas costas. Depois quis ser apenas uma jornalista que mudaria o mundo mesmo. rs
Hoje não me vejo com super poderes e nem acredito que sejam necessárias atitudes tão grandiosas e inacreditáveis...

Cada atitude tem poder transformador, para o bem ou para o mal, a escolha está em nossas mãos
.

Talvez não tenha forças ou as forças que eu possuo não sejam suficientes para mudar o mundo em sua totalidade, mas pequenos gestos têm força suficiente para mudar o mundo existente ao meu redor. Um sorriso num dia ruim pode torná-lo bem melhor e acabar deixando o dia de outras pessoas melhor também já que interferimos diretamente na vida uns dos outros.
Já ajuda ser o melhor que puder ser, o melhor amigo (a), a melhor namorada (o), o melhor filho (a), melhor funcionário (a), melhor pessoa. A única coisa que deixamos de fato são os registros do que fomos e do que fizemos, é a maneira como nos portamos, o quanto significamos... são essas coisas que farão com que nossa presença se eternize na memória dos outros, com que sejamos lembrados com carinho, saudade, ou desprezo e mágoa.

E tudo o que de fato importa e de fato tem valor é tudo que o tempo não é capaz de apagar, tudo o que dinheiro nenhum é capaz de comprar e pessoa alguma capaz de roubar.

Talvez eu só descubra o propósito da minha existência quando ela deixar de existir, mas já descobri o necessário, independente dele, posso afirmar que não é tão simplório e “inútil” quanto apenas nascer, crescer, reproduzir e morrer. O que está por entre estas etapas importa muito mais.

“Se minha existência não for capaz de transformar a vida de alguém para melhor, então ela é totalmente dispensável”.